A vitória da candidata Dilma Rousseff (PT), reeleita
presidente com 51,6% dos votos, se deu, em parte, pelo ‘sangue frio’ de sua
campanha nos momentos difíceis do segundo turno, na avaliação do cientista
político Wagner Romão. O adversário Aécio Neves (PSDB) teve 48,4% dos votos
(com 99,7% das urnas apuradas).
“A candidata Dilma e sua campanha mantiveram o sangue frio
naquele momento difícil que foi o início do segundo turno, quando as pesquisas
davam uma ligeira dianteira para Aécio”, lembra Romão.
Outro trunfo da campanha, na visão do cientista político,
foi ter dado uma resposta rápida às denúncias publicadas pela revista Veja, que
chegou às bancas na última sexta-feira.
O programa de TV da candidata petista teve grande parte de
seu tempo ocupado com uma resposta da presidente às acusações.
“Falar sobre as denúncias durante o programa foi uma decisão
arriscada, mas acho que se mostrou acertada. De certo modo, isso neutralizou
uma potencial queda que poderia ter sido maior”, afirma Romão.
Dilma teve uma votação expressiva no Nordeste do país, que
garantiu a vitória à candidata. Para Romão, a aprovação da presidente nesta
região é resultado das políticas do governo federal para o Nordeste.
“Há muito preconceito com relação à votação no Nordeste. Mas
acredito que essa votação se deve aos ganhos que esses doze anos levaram para a
população da região. As taxas de crescimento do PIB no Nordeste são muito
positivas, não é só o Bolsa Família que explica essa votação”, afirma.
Aécio
Para o cientista político o candidato derrotado Aécio Neves
“sai dessa eleição maior do que entrou”. “Foi uma derrota, mas Aécio teve um
desempenho espetacular. Aécio se mostrou um grande líder político capaz de
galvanizar os desejos da oposição”, avalia Romão.
No entanto, o especialista afirma que a candidatura do PSDB
à presidência em 2018 ainda não está certa. “A disputa para a próxima
candidatura vai ser muito dura. Alckmin teve uma vitória expressiva em São
Paulo nessas eleições e termina seu mandato daqui a quatro anos. Tenho certeza
que esse jogo vai se colocar com muita força”, avalia.
Aécio teve uma vitória expressiva no estado de São Paulo,
mas perdeu em seu reduto político, Minas Gerais, que ficou dividido entre os
dois candidatos, com vantagem para a petista. Para Romão, a divisão em Minas
reflete a divisão do País.
“O PT sempre dividiu a votação com o PSDB por lá. Minas é um
mini-Brasil, está entre a hegemonia do PSDB no Sul a hegemonia do PT no
Nordeste”, avalia.
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