Nesses 38 anos em que acompanho a trajetória das gestões públicas estaduais em Mato Grosso, transformações de grande porte aconteceram mesmo com Dante de Oliveira entre 1995 e 1998. Foi quando para um estado quebrado por heranças financeiras nascidas na divisão do estado, em 1979, cujas obrigações financeiras não foram cumpridas pelo governo federal. A Lei Complementar 31/77 que estabeleceu a divisão determinou que durante dez anos seguintes a 1979 Mato Grosso e Mato Grosso do Sul receberiam 2 bilhões de cruzeiros anuais, 1,7 e 300 milhões, respectivamente para uso em custeio e em investimentos. Não durou mais do que cinco anos porque o governo federal quebrou, com a segunda crise do petróleo, em 1983.
Trago o assunto porque vejo os primeiros arranhões do governador eleito Pedro Taques com poderes, com setores como cultura, saúde e turismo, daqui a pouco a comunicação, e com os deputados de sua base parlamentar eleita. Lembro Dante de Oliveira porque sua gestão foi muito pedagógica e sustentável.
Em 1995, ao assumir, as finanças estavam assim: para cada real arrecadado, a administração estadual devia 3, sem contar dívidas enormes com o governo federal. Foi obrigado a fechar o Banco do Estado de Mato Grosso, vender as Centrais Elétricas Matogrossenses, municipalizar a Cia. de Saneamento, fechar as estatais Cohab, Cia de Armazenamento e a Cia. De Desenvolvimento, além, de demitir mais de 10 mil servidores admitidos sem concurso, depois da Constituição estadual de 1989.
Na realidade, a gestão Dante mudou a cara da administração estadual, deu início ao processo moderno de atração de investimentos que, depois disso, multiplicou-se aos níveis atuais, além de espalhar pelo país e no exterior a imagem de um novo Mato Grosso moderno pronto para receber empresas e novos negócios.
A gestão Pedro Taques começa com o desafio de dar respostas muito eficazes justamente na questão da gestão. Mas precisará gastar muita saliva e sola de sapato peregrinando entre a Assembléia Legislativa, os tribunais de Justiça e de Contas, o Ministério Público e Defensoria Pública que não aceitam cortes financeiros. Ao contrário. São gastadores de carteirinha. Além lidar com a máquina do Executivo, emperrada, sindicalizada e ineficaz.
Sem querer fazer profecia absurda, o governador terá que imitar Dante, que chegou a adoecer e a se afastar do governo por três meses, quando precisou fazer a reforma do Estado. Quando fez se reelegeu, deu nova dimensão ao Estado e o preço diluiu-se ao longo dos anos sem queimar a sua imagem. Todos os pensadores e executores ainda estão aí: Valter Albano, Antero Paes de Barros, Júlio Muller, Frederico Muller, Guilherme Muller, Paulo Ronan, Maurício Magalhães, Vivaldo Lopes, Alfredo Menezes entre outros.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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