No estádio Verdão, no dia 08 de março de 2005, último dia de
carnaval, aconteceu a Culminância do VINDE E VEDE. As arquibancadas
estavam lotadas de fiéis em estado de alegria e festa para louvar ao
Senhor e à Virgem Maria. Uma alegria espiritual contaminou a todos neste
dia, Pe. Firmo, fundador e promotor desse retiro em tempo de carnaval,
estava muito alegre e de coração aberto ante o fervor do povo ali
presente.
Apesar de combalido pelo trabalho dos dias anteriores e por
seu processo de enfraquecimento fisico, entregou-se ao entusiasmo
contagiante e trabalhou o dia todo. Pregou, animou os fiéis, exortou,
entusiasmou a todos e por horas e horas atendeu muitas confissões. Por
fim, tendo nas mãos o quadro de Nossa Senhora Auxiliadora, bento por D.
Bosco, desfilou ao redor do campo promovendo, de coração alegre, a
confiança nas bênçãos e proteção de Nossa Senhora Auxiliadora. Era o
filho exultando de alegria por ver a Mãe Auxiliadora acolhida e
reverenciada por todos. Não poderia haver alegria maior para um coração
salesiano tão sensível, tão filial! Pe. Firmo estava exultante e muito
realizado, uma alegria intensa e serena tomou conta de seu semblante e
ele encerrou o dia em estado de beatitude.
Porém, seu organismo fisico não mais suportou tamanha intensidade de
vida e nessa noite encerrou com brilhantismo e profundidade de vida a
sua história aqui, em Cuiabá, para ser acolhido no céu, onde Maria
Auxiliadora com todos os salesianos falecidos o estavam esperando.
Cumpriram-se para ele os dizeres de sua mãe, D. Maria Dimpina
transcritos por ele em seu discurso de posse na Academia Mato-Grossense
de Letras - “Sorridente e tranqüila parece dizer-me: ‘Meu filho, é linda
esta noite da sua imortalidade acadêmica; muito mais sublime, porém,
será a entrada triunfante na glória do Pai.” E foi na noite de oito para
nove de março que se realizou a profecia de sua mãe, a sua entrada
gloriosa na casa do Pai!
Na manhã do dia 09 de março, Pe. Firmo Duarte Pinto foi encontrado
morto em sua cama. Desta vez, seu coração fragilizado por outros ataques
já sofridos não resistiu e ele nem sequer pôde ser levado ao hospital,
como ocorrera das outras vezes.
Assim, na primeira página, o jornal CORREIO DO ESTADO noticiou a sua morte e sepultamento: “ADEUS AO PE. FIRMO”
Tristeza e muita emoção na despedida do Pe. Firmo Pinto Duarte Filho,
durante a missa celebrada ontem na capital. O sacerdote faleceu na
madrugada de quarta-feira, aos 77 anos, de insuficiência
cardiorrespiratória. Foram celebradas duas missas em intenção de sua
alma: a primeira às 14 horas, na Igreja Nossa Senhora Auxiliadora, e a
segunda às 19 horas, no ginásio do Colégio São Gonçalo. O sepultamento
do Pe. Firmo será hoje, às 17 horas, no Santuário de Nossa Senhora
Auxiliadora, seguindo indicação em vida.” (C. do Estado, lO/04/2005,
primeira página).
Sob o contraditório sentimento de pesar, tristeza pela perda do nosso
irmão Pe. Firmo e alegria salesiana por ter um grande protetor no céu, a
Inspetoria acompanhou os ultimos momentos do Pe. Firmo que tanto
entusiasmo nos proporcionara em vida. Sem dúvida, sua ausência vai ser
muito sentida e sua pessoa será engrandecida por tantos e tantos fiéis
que se sentiram abençoados por Deus ou obtiveram graças especiais por
meio de sua intercessão, por meio de sua oração à sua carinhosa mãe
Nossa Senhora Auxiliadora. Tornou-se um grande apóstolo e divulgador da
devoção a Nossa Senhora Auxiliadora na trilha de nosso fundador D.
Bosco: “Confiai em Maria e vereis os milagres!” Assim foi nosso irmão
Pe. Firmo. E assim será visto e lembrado em toda a região do Estado de
Mato Grosso, principalmente, na história da Inspetoria. Pe.Firmo
popularizou a maneira salesiana de se dirigir a Nossa Senhora
Auxiliadora, sempre com muita confiança e perseverança.
1 - TRAÇOS BIOGRÁFICOS NA FAMÍLIA E NA CONGREGAÇÃO
Filho caçula do casal Firmo Duarte Pinto (telegrafista) e de Maria
Dimpina Lobo Duarte (professora) nasceu na cidade de Cáceres ¬MT, aos 16
de janeiro de 1928. Aos três meses de idade seus pais mudaram-se para a
capital do estado, Cuiabá, onde foi batizado em 03/08/1929 e crismado
no dia 13/04/1936. Passou, enquanto morou em Cuiabá, sua infância e
adolescência na região do Campo de Ourique, hoje local do Centro
Geodésico da America do Sul. No período de 1930 a 1933, teve que
acompanhar a familia quando o pai foi transferido devido ao exercício de
sua profissão, para a região dos Tachos/Meruri. Foi ai, em território
indigena, que teve o primeiro contato com os missionários salesianos que
residiam nos Tachos e depois em Meruri.
Antes de retornar para Cuiabá, esteve também em Guiratinga, então
Lajeado, região diamantífera. Em Cuiabá, fez o curso primário no Asilo
Santa Rita e o Ginásio no Liceu S. Gonçalo.
Foi aspirante no Seminário Nossa Senhora da Conceição desde
19/07/1944. Encerrando o Ginásio, foi para o noviciado em Campo Grande,
Instituto S.Vicente - Lagoa da Cruz no final de janeiro de 1945. No dia
31 de janeiro de 1946, na Chácara S. Vicente, fez a primeira profissão
religiosa na Congregação Salesiana, Sociedade de S. Francisco de Sales.
Depois foi para Lorena, onde terminou o colegial e cursou filosofia. Em
1947 terminou os estudos de Filosofia e, no ano seguinte, iniciou seu
período de Assistência.
Em 1948-1949 foi assistente em Campo Grande, no
Colégio D. Bosco; em 1950, foi assistente no Colégio Santa Teresa de
Corumbá e encerrou seu tempo de assistência no colégio de Guiratinga, em
1951. Durante esse período, além de cuidar dos internos, sempre
lecionou Língua Portuguesa.
Em 1952 inicia seus estudos de Teologia no Instituto Teológico da
Lapa (SP). Ao final dos quatro anos de estudos teológicos, foi ordenado
sacerdote por seu padrinho de batismo, o arcebispo D.Francisco de Aquino
Corrêa, no dia 8 de dezembro de 1955, na Catedral da Sé Metropolitana
de Cuiabá.
Depois de sacerdote inicia um período de nove anos de trabalho em
colégios, sempre na função de “Conselheiro Escolar”. Os inspetores de
então sempre acreditaram em seus dons e potencialidades para, naquele
tempo, ser um grande organizador, disciplinador e entusiasta por festas
escolares, misteres em que a honra do colégio sempre deveria ser
defendida acima de qualquer suspeita. Nessa função, passou pelos
colégios de Araçatuba, Lins, Lucélia e Campo Grande, nesse último
permaneceu a maior parte desses nove anos e então se tornou uma
referência perante os alunos e a população.
De modo especial, ele mesmo
alimentava as competições entre as escolas quanto ao brilhantismo de um
desfile ou a justeza de uma fanfarra bem ensaiada. Conseguia entusiasmar
os alunos a ponto de não temerem entreveros e brigas entre colégios
para defender a honra do seu Colégio D. Bosco. Nesse periodo uma outra
questão de honra perante os alunos e perante os jogadores de futebol da
cidade era a fama de seu clube de estimação no futebol carioca, o
Flamengo. Tanto assim que institucionalizou o seu time de alunos
adolescentes, “o Flamenguinho”, como símbolo e questão de honra no
futebol. Levava esse time para competições nas cidades do Estado e nunca
aceitou uma derrota.
Mudava de perfil quando perdia no futebol. Mas é
bom afirmar que essa maneira de ser tinha um poder muito grande perante
os alunos, tornava-se um educador estimado e apreciado por sua dedicação
e por sua presença entre os jovens. Como bom salesiano sempre preparava
todas as festas com celebrações e teatros. Foi exímio na arte de bem
preparar as peças teatrais ou operetas nas festas mais solenes.
Dessa
forma, foi exemplar salesiano educador da maneira que o tempo e a epoca
exigiram e possibilitaram.
Por onde passou deixou uma multidão de amigos
e admiradores.
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