Foi o 28° governador do estado de São
Paulo. Orestes Quércia mudou-se ainda jovem com a sua família para
Campinas, onde se formou em jornalismo. Era também advogado e
administrador de empresas formado em 1962 pela Pontifícia Universidade
Católica.
Foi casado com Alaide Barbosa Ulson desde os anos 1980.
Estudos e formação
Filho de Otávio Quércia e Isaura Roque
Quércia, Orestes Quércia morou em Franca e a seguir em Campinas para
onde mudou acompanhando a família e lá foi eleito vice-presidente do
grêmio estudantil da Escola Normal Livre. Nessa época ingressou como
repórter do Diário do Povo e foi aprovado no vestibular da Faculdade de
Direito da Universidade Católica de Campinas, onde foi diretor do jornal
do Centro Acadêmico 16 de Abril e fundou a Universidade de Cultura
Popular, ligada à Universidade Católica de Campinas. Locutor (1959-1963)
da Rádio Cultura e da Rádio Brasil, trabalhou no Jornal de Campinas e
na sucursal do Última Hora. A seguir presidiu a Associação Campinense de
Imprensa e trabalhou no Departamento de Estradas de Rodagem como
assistente de produção.
Faleceu em 24 de dezembro de 2010, em São Paulo, vitima de Câncer de Próstata no hospital Sírio Libanês
Carreira política
Orestes Quércia iniciou sua carreira
política ao ser eleito vereador em Campinas pelo Partido Libertador em
1962. Extinto o pluripartidarismo optou pelo MDB sendo eleito deputado
estadual em 1966 e prefeito de Campinas em 1968. Em relação à sua
administração o Dicionário Histórico e Bibliográfico Brasileiro (DHBB)
da Fundação Getúlio Vargas destaca o seguinte:
"Em sua gestão desenvolveu trabalhos através de planejamento coordenado com a Universidade Estadual de Campinas. Foi autor do projeto de avenidas expressas, pavimentou ruas e avenidas, aperfeiçoou o saneamento com a construção da terceira estação de tratamento de água e a elaboração do plano diretor de esgotos, urbanizou o parque Taquaral — na época o maior centro turístico do estado —, construiu o palácio dos Esportes e instalou praças de esportes nos bairros mais populosos. Criou ainda novos núcleos de habitação popular e a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas."
Após eleger seu sucessor em 1972 passou a
organizar diretórios do MDB pelo interior paulista e disputou a
convenção do partido como candidato ao Senado Federal vencendo a disputa
com Lino de Matos e Samir Achôa. Em 1974, foi eleito senador derrotando
Carvalho Pinto que disputava a reeleição pela ARENA e era apontado como
favorito. Na tribuna foi crítico da política econômica do governo
Ernesto Geisel e em 1977 foi noticiada a ocorrência de casos de
corrupção quando de sua passagem pela prefeitura de Campinas, porém tais
afirmações não foram comprovadas. Com o retorno ao pluripartidarismo
ingressou no PMDB em 1980 e declarou-se candidato à sucessão do
governador Paulo Maluf em fevereiro de 1981, posição que manteria até
que um acordo de última hora o fez candidato a vice-governador na chapa
de Franco Montoro.
Em 1982 foi eleito vice-governador de
São Paulo, mas ao contrário da imagem de unidade partidária apresentada
durante a campanha, foi adversário constante de políticos peemedebistas
ligados ao governador, não conseguindo, porém impedir a nomeação do
deputado federal Mário Covas como prefeito de São Paulo em 1983 e a
eleição do senador Fernando Henrique Cardoso à presidência do diretório
estadual do PMDB naquele mesmo ano. Foi adepto das Diretas Já e da
campanha vitoriosa de Tancredo Neves rumo à Presidência em 1985, ano em
que se casou com a médica Alaíde Cristina Barbosa Ulson. Nesse ponto
estava em curso sua candidatura a governador em 1986.
Após a vitória do ex-presidente Jânio
Quadros (PTB) sobre Fernando Henrique Cardoso nas em novembro daquele
ano Orestes Quércia viu aumentar seu controle sobre o PMDB num movimento
denominado de "quercismo" que garantiu sua indicação como candidato a
governador apesar das dissidências internas. Candidato numa eleição
inicialmente polarizada entre o deputado Paulo Maluf e o empresário
Antônio Ermírio de Morais e ainda contava com a participação do deputado
Eduardo Suplicy, iniciou o embate com índices baixos nas pesquisas de
opinião, entretanto manteve sua candidatura e afinal sagrou-se
vitorioso. Seu governo foi responsável pela privatização da VASP em
1990, ano em que elegeu Luiz Antônio Fleury Filho como seu sucessor.
Governo do estado
Em 1987, Orestes Quércia criou a
Secretaria do Menor uma atitude pioneira e anterior à promulgação do
Estatuto da Criança e do Adolescente promulgado em nível federal em
1990. Tirou menores carentes e abandonados das ruas e empregou-os como
aprendizes em empresas estatais, como a SABESP.
Na área dos transportes realizou
investimentos na duplicação de rodovias como a Anhangüera e a D. Pedro I
e na reforma de estradas vicinais. A seguir ampliou a linha leste-oeste
do metrô, inaugurando as estações Barra Funda, Marechal Deodoro, e a
extensão leste da Vila Matilde até Corinthians-Itaquera. Também deu
início às obras do ramal Paulista do metrô, das estações Paraíso à
Consolação.
No setor de saneamento básico, em 1988,
através da SABESP, colocou em operação a Estação de Tratamento de
Esgotos de Barueri, aumentando de 5% para 25% o índice de tratamento dos
esgotos na Região Metropolitana. Em 1990, concluiu as obras da SABESP
de produção e tratamento de água da Estação de Tratamento de Taiaçupeba,
localizada na Represa de Taiaçupeba, em Mogi das Cruzes, melhorando o
abastecimento de água da região leste de Grande São Paulo.
Na segurança pública, inventou o Rádio Patrulhamento Padrão, uma iniciativa de aproximar a polícia da comunidade.
Construiu sem abertura de licitação o
polêmico Memorial da América Latina localizado na Barra Funda, cujo
projeto foi de Oscar Niemeyer. Estima-se que tenha custado aos cofres
públicos cerca de 74 milhões de dólares, quinze vezes mais que o
previsto inicialmente.
Como defensor do municipalismo, desenvolveu ações de fortalecimento do interior, como a regionalização da produção.
Em 16 de setembro de 1988, o então
secretário estadual da Indústria e Comércio, Otávio Ceccato, pediu
demissão após tentar subornar um delegado da Polícia Federal com US$ 1
milhão para não ser indiciado no escândalo Banespa/Cecatto, onde o banco
perdeu cerca de US$ 55 milhões em operações financeiras.
O governo Quércia também sofreu
acusações de adquirir sem licitação equipamentos israelenses para as
universidades estaduais e polícias civil e militar num valor de US$ 310
milhões, onde o estado perdeu um valor estimado em US$ 40 milhões. Em
julho de 1990 foram iniciadas as obras do VLT de Campinas que custou
cerca de US$ 50 milhões.
Seu predomínio junto ao PMDB e sua
defesa em favor dos cinco anos de mandato para o presidente José Sarney
levou seus adversários internos a deixar a legenda e fundarem o PSDB em
24 de junho de 1988. Nesse mesmo ano perdeu as eleições municipais em
São Paulo e Campinas. Apesar do revés teve seu nome cogitado para
disputar as eleições presidenciais em 1989, entretanto a candidatura
escolhida pelo partido foi a de Ulysses Guimarães.
Ao fim do mandato Quércia obtinha bons
índices de aprovação junto à população paulista e conseguiu eleger o seu
sucessor, Luiz Antônio Fleury Filho, que até pouco tempo antes era o
semi-desconhecido secretário de Segurança Pública do governo Quércia.
Mas as inúmeras denúncias de corrupção
relativas à gestão de Quércia que surgiram posteriormente (a denúncia
mais célebre foi a de má gestão do BANESPA), o insatisfatório mandato
desempenhado por Fleury e o esvaziamento de algumas medidas tomadas em
seu antigo cargo acabaram por comprometer a sua imagem de forma
aparentemente irremediável.
Presidente do PMDB
Quércia foi um dos fundadores do PMDB,
tendo-o presidido entre 24 de março de 1991 e 26 de abril de 1993 ao
renunciar da presidência ante as sucessivas denúncias de corrupção e o
refluir de seu apoio político. Em seu período como presidente do partido
fez oposição do governo Fernando Collor, apoiando inclusive o processo
de impeachment, viu morrer Ulysses Guimarães e apoiou o regime
presidencialista no plebiscito de 21 de abril de 1993. Ao deixar o
comando da legenda foi substituído interinamente pelo senador José
Fogaça e depois por Luiz Henrique da Silveira.
Em 1994 enfrentou a oposição de
partidários que apoiavam o governo Itamar Franco e venceu Roberto
Requião na convenção que apontou o candidato do PMDB à Presidência da
República numa campanha marcada pelo discurso em favor do nacionalismo,
municipalismo e por críticas ao Plano Real. Ao final terminou a disputa
em quarto lugar tendo sido superado até por Enéas Carneiro (PRONA).
Foi presidente do diretório do PMDB de
São Paulo, de 2001 a 2003. Reeleito em 2006, foi agraciado mais uma vez
como presidente do PMDB paulista em 13 de dezembro de 2009 ao ser eleito
pela 4ª vez o presidente na chapa Unidade do PMDB derrotando o deputado
federal Francisco Rossi (chapa Candidatura Própria Já) com 597 votos
contra 73 (88% dos votos contra 12%) em convenção partidária ocorrida na
ALESP.
Morte
O ex-governador Orestes Quércia morreu
numa véspera de Natal, aos 72 anos, vítima de câncer na próstata, de
acordo com o hospital Sírio-Libanês, na capital paulista. Ele havia
tratado a doença há 10 anos, mas o tumor reincidiu, levando-o a desistir
da candidatura ao Senado. Segundo o assessor de Quércia, o velório será
realizado no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, à partir das 14h. O
enterro está marcado para amanhã, às 9h, no Cemitério do Morumbi.
O governador eleito de São Paulo,
Geraldo Alckmin (PSDB), compareceu ao hospital Sírio-Libanês para
prestar solidariedade à família do ex-governador do Estado. “Quércia foi
uma pessoa muito importante na história política do País e teve papel
importante na redemocratização do Estado na época do bipartidarismo. É
um momento em que eu tenho de prestar carinho à família e temos de pedir
orações a eles.” Alckmin comentou ainda a última vez em que visitou
Quércia. “Estive com ele dois dias atrás e ele já não reconhecia as
pessoas, estava bem debilitado.”
O ex-prefeito de Campinas estava no Hospital Sírio-Libanês no qual o vice-presidente da república José Alencar se encontra.
Como empresário
Quércia atuou nos ramos imobiliário e
das comunicações – foi proprietário do Grupo Sol Panamby, que detém
controle da rádio Nova Brasil FM, do jornal financeiro DCI, de emissoras
afiliadas ao SBT como a TVB Campinas e a TVB Santos, do Shopping
Jaraguá e de várias fazendas. Seu patrimônio foi avaliado em mais de
R$117 milhões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário